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IDENTIFICATION | IDENTIFICACIÓN | IDENTIFICAÇÃO

Tangible or Intangible
Intantigle | Inmaterial | Imaterial
Image | Imagen | Imagem
Image credits | Créditos de imagen | Créditos de imagem
Adufes. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
Title, name | Titulo, nombre | Título, nome
Fabrico de Adufes
Short description | Descripción corta | Descrição resumida
Fabrico artesanal de adufes no concelho de Idanha-a-NovaProcesso de fabrico da oficina de José Relvas - 3ª geração de uma família de construtores de adufes. O adufe é um instrumento musical de percussão.
Bimembranofone quadrangular de produção directa - produz som através da vibração de membrana dupla em tensão sobre uma estrutura inerte e é percutido com a mão.
José Relvas fabrica os adufes artesanalmente (manufactura) e vende o que produz em romarias, lojas e exposições. Muitos dos adufes vendidos em Idanha-a-Nova e na Beira Baixa são da autoria deste artesão.
Os adufes construídos na Oficina de José Relvas, em Idanha-a-Nova, são compostos por uma armação de madeira à qual se chama “armas” - quatro réguas de madeira que servem de caixilho. As “armas” são forradas com pele de ovelha ou cabra fixada com pregos de cobre.
O adufe é, usualmente, contornado por uma fita de sarja ou flanela. As extremidades têm apliques de fitas dos mesmos materiais mas de várias cores - as chamadas “maravalhas”. No interior são colocados dois guizos (presos com linha de pele).
Community or culture | Comunidad o cultura | Comunidade ou cultura
Adufeiras da região de Idanha-a-Nova
Practitioners, Autor | Practicantes, Autores | Praticantes, Autores
José Relvas, fabricante tradicional de Adufes.
Museum | Museo | Museu
MEMORIAMEDIA e-Museu do Património Cultural Imaterial
Place | Local | Local
Idanha-a-Nova
Country | País
Portugal
Language | Idioma
Português

MEDIA

Video credits | Créditos de vídeo | Créditos vídeo
Realização Tiago Pereira.
Audio
Audio Credits | Créditos de Audio
3D object | Objeto 3D
3D Credits | Créditos 3D
Text | Texto
Text credits | Créditos del texto | Créditos do texto
Record date | Fecha de registro | Data do registo
2007-03-19
Image 1 | Imagen 1 | Imagem 1
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Memoria Imaterial Crl
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Adufes. Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
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MORE INFORMATION | MÁS INFORMACIÓN | MAIS INFORMAÇÃO

Origin, history | Origen, historia | Origem, história
Veiga de oliveira referia-se, muito provavelmente, à família de José Relvas quando distinguiu os "pandeiros" trasmontanos dos artesãos de adufes beirões e identificou uma família de albardeiros de Idanha-a-Nova que fabricava adufes: "os pandeiros trasmontanos são em geral feitos pelos próprios ou mandados fazer, por encomenda, a qualquer habilidoso local; diversamente, os adufes beirões são construídos por uma indústria caseira rudimentar mas especializada, modo de vida subsidiário das pessoas que a ela se dedicam, normalmente albardeiros de profissão, na Idanha e no Rosmaninhal, que os levam a vender nas festas mais concorridas da região, nomeadamente à Senhora do Almurtão, perto da Idanha, e à Senhora da Póvoa, em Vale de Lobo, onde se abastece toda a Província, ou em certos estabelecimentos de comércio, por exemplo na Covilhã”.
Até aos 30 anos José Relvas dedicou-se ao sector das telecomunicações, trabalhou em Lisboa, mas resolveu voltar a Idanha-a-Nova e reabilitar o fabrico de adufes, uma actividade que tinha aprendido com o pai e que já era uma herança do seu avó. Em Portugal, a produção de adufes da Beira Baixa, em Idanha-a-Nova, é uma referência. Trás-os-Montes e o Alentejo são outras zonas de fabrico historicamente referidas. Em Idanha-a-Nova, como Veiga de Oliveira sublinha, a produção era especializada e vinculada ao negócio de oficinas familiares.
Em relação ao adufe, as mais antigas referências surgem no Antigo Testamento, no Êxodo, versículo 20 e 21, capítulo XV - "Maria a profetisa de Aarão, tomou um adufe, e todas as mulheres as seguiram, com as mesmas atitudes, cânticos e danças". O adufe - tofe hebraico - referido nos versículos do Êxodo era um membranofone de uso exclusivamente feminino característico da Mesopotâmia e do Egipto antigos, teria a sua origem na Arábia pré-islâmica e seria o precursor dos tímpanos gregos e romanos.
O adufe é introduzido na Península Ibérica, durante a dominação árabe, entre os séculos VIII d.C. e IX d.C. associado a festejos e à dança.
O adufe (também designado pandeiro) é mencionado numa Cantiga de Amigo do século XIII, de Martin de Ginzo, jogral da corte de Afonso X, de terras de Orense "A do muy bom parecer mandou lo aduffe tanger"; Frei João Álvares refere-se ao instrumento na comemoração da batalha de Toro, ordenada por carta régia de D. João II, de 1 de Março de 1482; Gil Vicente, no século XVI, fala da generalidade do uso do pandeiro, lamentando já a sua decadência.
Actualmente, em Portugal, continua a ser muito popular, nomeadamente na Beira Baixa e em zonas com tradição na actividade pastoril, como é o caso da faixa do interior que vai do Alto de Trás-os-Montes até ao Baixo Alentejo. Esta ligação à actividade pastoril terá ainda a ver com a utilização das peles de ovelha ou cabra no fabrico do adufe.
O adufe é tradicionalmente tocado por mulheres, acompanhando o canto ou a dança.
A forma como é tocado o adufe varia conforme a região, mas usualmente é segurado pelos polegares de ambas as mãos e pelo indicador da mão direita, os outros dedos ficam livres para percutir.
Em Idanha-a-Nova as mulheres empunham-no bastante alto, em frente à cara, com um canto para cima.
Associated heritage | Patrimonio asociado | Património associado
Festas e Romarias locais onde se toca o adufe\Feiras onde se vende o adufe
Romaria da Nossa Senhora do Almortão
Romaria de Nossa Senhora da Graça
Festa do Divino Espírito Santo
Alvíssaras da Páscoa
Festa das Cruzes Monsanto
Festa do Espírito Santo Ladoeiro
Festa de Nossa Senhora da Conceição Penha Garcia
Cross reference | Referencias cruzadas | Referências cruzadas
Present condition | Condición actual | Estado actual
Activo, Aprendizagem formal e informal, recurso à escrita e à oralidade, acesso condicionado.
Threats | Amenazas | Ameaças
O avançar da idade de José Relvas que, em 2012, tem 61 anos; a inexistência de artesãos do concelho que se dediquem ao fabrico de adufes; o facto de, em Idanha-a- Nova, esta actividade estar associada à família de José Relvas, onde transmissão da arte se fazia de pai para filho e os filhos de José Relvas não manifestarem interesse em continuar esta profissão, pode ser um indício de que o fabrico dos adufes no concelho enfrenta riscos de desaparecimento.
Safeguard | Salguardia | Salvaguarda
Segundo José Relvas, uma das acções para a salvaguarda seria a promoção do adufe a nível nacional, sessões de formação no âmbito da construção e a formação de grupos de percussão.
As acções de formação e a sensibilização em escolas são realizadas de forma irregular.
O estudo fundamentado e sistematizado das técnicas e processos de fabrico do adufe é rudimentar, sendo reduzida a bibliografia e produção científica sobre este assunto.
Bibliography | Bibliografía | Bibliografia
BRITO, Joaquim Pais de & all (coords.) (1993) Portugal Com'tacto -Contrastes. Lisboa: MNE.
CAIADO, José Pedro, (1997) Sons d'aquém e d'além. Lisboa: MC/IPM/MNE, 1997.
HENRIQUE, Luís, (1993) Instrumentos Musicais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
MORAIS, Domingos; CAIADO, José Pedro (1986) Os Instrumentos Musicais e as Viagens dos Portugueses. Lisboa: IICT/ME.
OLIVEIRA, Ernesto Veiga de (2000) Instrumentos Musicais Populares Portugueses. 3ªed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Museu Nacional de Etnologia. Consultado capítulo Panorama Músico-Instrumental Português, Membranofones, Pandeiro
In alfarrabio.di.uminho.pt/cancioneiro/etnografia/IMPPtexto.doc [consultado em 30/09/2010]

TANGIBLE | MATERIAL

Type of object | Tipo de objeto | Tipo de objecto
Domain | Dominio | Domínio
Archeology | Arqueologia
Category | Categorías | Categoria
Leisure activities | Actividades lúdicas
Materials & techniques | Materiales y técnicas | Materiais & Tecnicas
Measurements | Medidas
Aditional info | Información adicional | Informação adicional

INTANGIBLE | INMATERIAL | IMATERIAL

Domain | Dominio | Dominío
Traditional craftsmanship | Artesanía tradicional | Saber fazer
Category | Categoria
Manufacturing activities | Actividades de fabricación | Actividades Transformadoras
Periodicity | Periodicidad | Periodicidade
não se aplica
Transmission | Trasmisión | Transmissão
José Relvas, ajudantes na oficina e alunos das acções de formação. A aprendizagem do fabrico de adufes em Idanha-a-Nova tem passado pela disponibilidade de José Relvas para, junto com o Município de Idanha-a-Nova, promover acções de formação para jovens; alguns professores da região solicitarem a presença e apoio de José Relvas em aulas de trabalhos manuais.
José Relvas ensina o processo de fabricos nestas circunstâncias e aos seus ajudantes na oficina, contudo ainda nenhum aluno ou aprendiz fez destas aprendizagens um modo de vida. Segundo José Relvas, não existe mercado para mais oficinas e como os rendimentos do ofício não são muito lucrativos também não incentiva os filhos para continuarem a profissão que, na sua família, tem transitado de geração em geração.