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IDENTIFICATION | IDENTIFICACIÓN | IDENTIFICAÇÃO

Tangible or Intangible
Intantigle | Inmaterial | Imaterial
Image | Imagen | Imagem
Image credits | Créditos de imagen | Créditos de imagem
Memoria Imaterial CRL
Title, name | Titulo, nombre | Título, nome
O Pintar e Cantar dos Reis no concelho de Alenquer
Short description | Descripción corta | Descrição resumida
O Pintar e Cantar dos Reis inclui numa só prática diversos elementos: a festa, a linguagem escrita (hieroglífica e silábica do Pintar dos Reis), os ritos (naturalísticos, religiosos, de sociabilidade e de puberdade), os cantares (épicos, religiosos e petitórios) e os cultos (astrais, dos mortos e religiosos, como a Encomendação das Almas ou a Bênção das Casas).
O Pintar e Cantar dos Reis tem em Portugal a sua maior expressão no concelho de Alenquer e em 2016 a celebração realizou-se, com variantes, em 9 povoações: Catém, Casal Monteiro, Mata, Penafirme da Mata, Olhalvo, Paúla, Cabanas de Torres, Ota e Abrigada.
Community or culture | Comunidad o cultura | Comunidade ou cultura
Catém, Casal Monteiro, Mata, Penafirme da Mata, Olhalvo, Paúla, Cabanas de Torres, Ota e Abrigada
Practitioners, Autor | Practicantes, Autores | Praticantes, Autores
Grupos dos Reis do Concelho de Alenquer
Museum | Museo | Museu
MEMORIAMEDIA e-Museu do Património Cultural Imaterial
Place | Local | Local
Catém, Casal Monteiro, Mata, Penafirme da Mata, Olhalvo, Paúla, Cabanas de Torres, Ota e Abrigada
Country | País
Portugal
Language | Idioma
Português

MEDIA

Video credits | Créditos de vídeo | Créditos vídeo
Memoria Imaterial CRL
Audio
Audio Credits | Créditos de Audio
3D object | Objeto 3D
3D Credits | Créditos 3D
Text | Texto
Text credits | Créditos del texto | Créditos do texto
Record date | Fecha de registro | Data do registo
2015-2016
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Memoria Imaterial Crl
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Memoria Imaterial CRL

MORE INFORMATION | MÁS INFORMACIÓN | MAIS INFORMAÇÃO

Origin, history | Origen, historia | Origem, história
No século IV as celebrações da Epifania do Oriente chegam à Europa. Na Igreja do Ocidente o auto dos Magos difunde-se massivamente, auto esse que ao longo dos tempos sofre várias modificações dando origem a outro tipo de manifestações: práticas realizadas usualmente no espaço público, dirigidas por populares e que incluíam desfiles pelas ruas, peditórios acompanhados por bênçãos e versões resumidas e musicadas do auto – por exemplo o Cantar dos Reis em Portugal, os Vilhancicos em Espanha e o Cantar da Estrela na Alemanha (Coelho, org. Leal, 1993; Peixoto, 1995; Weiser, 1952).
Associada à cerebração da Epifania está a tradicional Bênção do Giz (descrita no antigo Ritual Romano) - uma cerimónia que utiliza um giz abençoado para, no dia 6 de janeiro, se inscreverem as iniciais CMB (“Christus Mansionem Benedicat”) e o ano nas portas. Ritual de onde pode provir o costume de, na Noite dos Reis, se pintarem votos de felicidades à entrada das casas.
Na Península Ibérica o Dia de Reis começa a ser celebrado devido à chegada dos Frades Franciscanos e Dominicanos a este território. Este facto permite sublinhar a importância de Alenquer no processo de difusão desta celebração. Em Portugal, foi na região do concelho de Alenquer que estas Ordens foram primeiramente acolhidas – entre 1212 e 1218 Frei Zacarias chega a Alenquer para fundar um convento Franciscano e Frei Soeiro Gomes, primeiro provincial dominicano da Península Ibérica (1221-1223) funda, no termo do concelho de Alenquer, no alto da Serra de Montejunto, o primeiro convento Dominicano português.
Associated heritage | Patrimonio asociado | Património associado
Em 5 dos 9 locais onde se cantou e pintou os Reis em 2016 (Catém, Casal Monteiro, Olhalvo, Mata e Penafirme da Mata) realizou-se no fim-de-semana seguinte ou no segundo fim-de-semana depois da celebração o Peditório dos Reis pelas casas das povoações. O resultado desse peditório serviu, em alguns casos, para mandar rezar uma Missa pelas Almas do Purgatório e para organizar um almoço para todos os elementos do grupo (Catém e Casal Monteiro – missa celebrada na Igreja de Meca; Mata – missa celebrada na Igreja de Aldeia Gavinha). Na Abrigada e na Paúla não se realiza o peditório, mas em alguns anos os praticantes juntam-se para um almoço ou jantar partilhando as despesas.
Cross reference | Referencias cruzadas | Referências cruzadas
Present condition | Condición actual | Estado actual
Activa.
Threats | Amenazas | Ameaças
Nas povoações onde se pratica o Pintar e Cantar dos Reis várias gerações estão envolvidas na organização da tradição. A comunidade não considera a celebração em risco ou ameaçada e a transmissão geracional dos conhecimentos e práticas encontra-se atualmente assegurada pelos diferentes Grupos dos Reis. São visíveis, contudo, alterações que podem colocar em risco a elaboração dos desenhos tradicionais realizados à mão (o desenho de vasos e corações com flores alusivos à composição do agregado familiar; os desenhos representativos das profissões e doutras atividades dos habitantes e o desenho da “Estrela do Oriente”). Nos locais onde estes desenhos são cada vez mais raros os praticantes substituem-nos pela inscrição das siglas BF, BRM e/ou BR junto com o ano, pintados com moldes metálicos e com tinta pulverizável aplicada com sprays (substituindo as tintas de água ou as antigas terras diluídas em água). Justificam essa mudança com a "necessidade de não demorarem muito tempo na execução das pinturas". Um sinal claro da desvalorização dos desenhos tradicionais e do perigo da sua manutenção na prática.
Safeguard | Salguardia | Salvaguarda
Ações promovidas pelos Grupos dos Reis:
Garantir a execução do Pintar e do Cantar dos Reis nas suas povoações;
Garantir a transmissão da prática, motivando e ensinando as gerações mais novas;
Reunir os recursos necessários para a execução da expressão cultural (materiais e humanos);
Associar-se como parceiros às ações de salvaguarda promovidas pela Câmara Municipal.

Ações promovidas pela Câmara Municipal de Alenquer:

Apoio logístico aos Grupos dos Reis do concelho de Alenquer;
Estudo e Inventariação do Pintar e Cantar dos Reis no concelho de Alenquer (2016);
Realização de um documentário sobre a expressão cultural (2016);
Publicação de um livro sobre a expressão cultural;
Continuação da organização dos Encontros sobre o Pintar e Cantar dos Reis entre os membros de todos os grupos (já promovidos em 2013, 2014, 2015 e 2016)
Continuação da organização do "Roteiro Turístico Noturno" – que permite assistir ao Pintar e Cantar dos Reis em várias povoações, na noite de 5 para 6 de janeiro. Atividade promovida com o consentimento dos Grupos e respeitando o recato da manifestação (já promovido nos anos de 2015 e 2016).
Bibliography | Bibliografía | Bibliografia
ALMEIDA, Fortunato de (1967) História da Igreja em Portugal. Volume I. Porto: Portucalense Editora. Pp. 341-357.
BRAGA, Teófilo (1986) O Povo Português nos seus costumes, crenças e tradições. Volume II: Publicações Dom. Quixote. Pp-179-186.
C.M., (1962) “Tradições da nossa terra” in O Nosso Jornal – boletim das paróquias de Ventosa, Aldeiagavinha, Aldeiagalega, Olhalvo n.º 2 Dezembro 1962. Alenquer (página 2 e 4).
COELHO, Adolfo (1993) Obra Etnográfica. Volume I – Festas, Costumes e Outros Materiais para uma
Etnologia de Portugal. Org. João Leal. Lisboa: Publicações Dom Quixote. Pp. 274 -298.
COSTA, Paulo Ferreira da (1999) Montejunto: Imaginários e Celebrações de uma Serra, Cadaval:
LeaderOeste. Pp. 67-87.
CUNHA, Delfina (2009) Recordando a nossa gente. Conhecer e reviver outros tempos. SMA: Gráfica
Sobralense, lda. Pp. 67-69.
DIAS, Margot e DIAS, Jorge (1953) A encomendação das almas. Sep. de: XIII Congresso Luso-Espanhol para
o Progresso das Ciências, Tomo VIII, 7ª secção, Ciências Históricas e Filológicas. Porto: Imprensa
Portuguesa.
FELGUEIRAS, Guilherme (1948) “O Estudo da Literatura Popular e das Tradições Orais Estremenhas”,
Estremadura. Boletim da Junta de Província, nº 18, Lisboa: Junta da Província.
GALHOZ, Maria Aliete, (1997) “Um Romance de Reis da tradição oral do concelho de Alenquer e um
Romance de Reis de um folheto setecentista - Seguirão um mesmo protótipo?", in Revista Lusitana (Nova
Série), 16 (1997). Pp. 39-53.
GIACOMETTI, Michel (1981) Cancioneiro Popular Português. Lisboa: Círculo de Leitores. Pp.54-55.
LEADEROESTE (2000) Pintar e Cantar os Reis: o percurso de uma tradição. Cadaval: LeaderOeste Associação para o desenvolvimento e Promoção Rural do Oeste.

TANGIBLE | MATERIAL

Type of object | Tipo de objeto | Tipo de objecto
Domain | Dominio | Domínio
Archeology | Arqueologia
Category | Categorías | Categoria
Leisure activities | Actividades lúdicas
Materials & techniques | Materiales y técnicas | Materiais & Tecnicas
Measurements | Medidas
Aditional info | Información adicional | Informação adicional

INTANGIBLE | INMATERIAL | IMATERIAL

Domain | Dominio | Dominío
Social practices rituals and festive events | Prácticas sociales y eventos festivos | Práticas sociais e celebrações
Category | Categoria
Cyclical festivities | Fiestas cíclicas | Festividades cíclicas, Collective Rituals | Rituales colectivos | Rituais colectivos
Periodicity | Periodicidad | Periodicidade
Anual. Realiza-se anualmente na Noite de Reis - de 5 para 6 de janeiro
Transmission | Trasmisión | Transmissão
Aprendizagem informal, Aprendizagem combinada oralidade/escrit, Acesso livre, Periódico, Com recurso a lugar. Conhecedor do ritual, o apontador é usualmente o elemento que assume o papel de porta-voz do grupo e partilha com o pintor mais velho e com os elementos mais dedicados ao grupo a responsabilidade de manter a prática transmitindo-a às novas gerações.