Origin, history | Origen, historia | Origem, história
Veiga de oliveira referia-se, muito provavelmente, à família de José Relvas quando distinguiu os "pandeiros" trasmontanos dos artesãos de adufes beirões e identificou uma família de albardeiros de Idanha-a-Nova que fabricava adufes: "os pandeiros trasmontanos são em geral feitos pelos próprios ou mandados fazer, por encomenda, a qualquer habilidoso local; diversamente, os adufes beirões são construídos por uma indústria caseira rudimentar mas especializada, modo de vida subsidiário das pessoas que a ela se dedicam, normalmente albardeiros de profissão, na Idanha e no Rosmaninhal, que os levam a vender nas festas mais concorridas da região, nomeadamente à Senhora do Almurtão, perto da Idanha, e à Senhora da Póvoa, em Vale de Lobo, onde se abastece toda a Província, ou em certos estabelecimentos de comércio, por exemplo na Covilhã”.
Até aos 30 anos José Relvas dedicou-se ao sector das telecomunicações, trabalhou em Lisboa, mas resolveu voltar a Idanha-a-Nova e reabilitar o fabrico de adufes, uma actividade que tinha aprendido com o pai e que já era uma herança do seu avó. Em Portugal, a produção de adufes da Beira Baixa, em Idanha-a-Nova, é uma referência. Trás-os-Montes e o Alentejo são outras zonas de fabrico historicamente referidas. Em Idanha-a-Nova, como Veiga de Oliveira sublinha, a produção era especializada e vinculada ao negócio de oficinas familiares.
Em relação ao adufe, as mais antigas referências surgem no Antigo Testamento, no Êxodo, versículo 20 e 21, capítulo XV - "Maria a profetisa de Aarão, tomou um adufe, e todas as mulheres as seguiram, com as mesmas atitudes, cânticos e danças". O adufe - tofe hebraico - referido nos versículos do Êxodo era um membranofone de uso exclusivamente feminino característico da Mesopotâmia e do Egipto antigos, teria a sua origem na Arábia pré-islâmica e seria o precursor dos tímpanos gregos e romanos.
O adufe é introduzido na Península Ibérica, durante a dominação árabe, entre os séculos VIII d.C. e IX d.C. associado a festejos e à dança.
O adufe (também designado pandeiro) é mencionado numa Cantiga de Amigo do século XIII, de Martin de Ginzo, jogral da corte de Afonso X, de terras de Orense "A do muy bom parecer mandou lo aduffe tanger"; Frei João Álvares refere-se ao instrumento na comemoração da batalha de Toro, ordenada por carta régia de D. João II, de 1 de Março de 1482; Gil Vicente, no século XVI, fala da generalidade do uso do pandeiro, lamentando já a sua decadência.
Actualmente, em Portugal, continua a ser muito popular, nomeadamente na Beira Baixa e em zonas com tradição na actividade pastoril, como é o caso da faixa do interior que vai do Alto de Trás-os-Montes até ao Baixo Alentejo. Esta ligação à actividade pastoril terá ainda a ver com a utilização das peles de ovelha ou cabra no fabrico do adufe.
O adufe é tradicionalmente tocado por mulheres, acompanhando o canto ou a dança.
A forma como é tocado o adufe varia conforme a região, mas usualmente é segurado pelos polegares de ambas as mãos e pelo indicador da mão direita, os outros dedos ficam livres para percutir.
Em Idanha-a-Nova as mulheres empunham-no bastante alto, em frente à cara, com um canto para cima.